TEATRO
COMÉDIA
Autor: Luís Gonçalves
Se
estiver interessado/a em representar esta peça de teatro agradecia
que entrasse em contacto comigo, através do meu email:
goncalvesluis_1@hotmail.com
ou do meu telemovél: 916940893
ou do meu telemovél: 916940893
PERSONAGENS:
Crisálio:
Velhota da scooter Egiro:
Felisberto
(amigo
de Crisálio):
Cliente 1:
Cliente
2:
Antunes (empregado
da Pastelaria):
Alice (mulher
de Felisberto):
2 filhos de Felisberto
(ainda pequenos):
Pai de Felisberto:
Mãe de Felisberto:
Policia:
5 amigos de Antunes:
ATO
1
Esplanada
de uma pastelaria.
No toldo
da esplanada lê-se com letras bem grandes “Pastelaria Padaria o
pão queimado - Especialistas em deixar queimar o pão”, vê-se
outro cartaz que diz: “Fazemos Pizzas, Hamburgers e cachorros mas
não temos os ingredientes!”
CENA 1
Crisálio está
sentado a uma mesa a beber o seu café e a ler um livro. Noutra mesa
vê-se uma velhota a ler o jornal e a beber uma bolha tinto. Ao lado
da velhota está uma Scooter egiro (scooter de mobilidade reduzida).
Entretanto um amigo de Crisálio, o Felisberto
sempre sorridente e bem-disposto.
Felisberto:
Olha quem é ele, o meu amigo Crisálio!
Crisálio: Olá
Felisberto! (cumprimenta
o Felisberto)
Como tens andado?
Felisberto: Tenho andado, como o carro do senhor
Armando.
Crisálio: (confuso)
O quê? Como o carro do senhor Armando?
Felisberto:
Sim! Um bocadinho a pé, um bocadinho andando. (ri)
Ehehehe! (bate-lhe
no braço)
Estava
a brincar meu! Então e tu como andas?
Crisálio: Olha, eu ando
como o carro do ferrão. Isto já nem vai de empurrão! (ri)
Eheheh!
Felisberto:
(escangalha-se
a rir)
EEHEHEH! Essa está boa! EHEHEHEH! Isto já nem vai de empurrão...
EHEHEH Essa está boa!... EHEHEHEH (acalma-se)
Olha é verdade, ainda
bem que te apanho aqui. É que ontem mandaste-me aquela mensagem para
o telemóvel e não deu para te responder. Estava sem saldo!
Crisálio: Não tem mal, o assunto também já está
resolvido. Chamei um técnico e arranjou-me o computador.
Felisberto: Não é sobre isso que estou a falar!
Crisálio: Ai não? Então?
Felisberto: É sobre a outra a mensagem que me mandaste!
Crisálio:
(confuso)
A
outra mensagem?
Felisberto: Sim! Ficas já a saber que eu vou, a minha
mulher e os meus filhos também vão. Falei com os meus sogros, com
os meus pais, com os meus irmãos, com as minhas irmãs, com os meus
primos, com os meus tios, com os meus vizinhos, até com os meus
colegas de trabalho e eles vão todos.
Crisálio: (confuso)
Não
estou a entender!
Mas vão aonde?
Felisberto: Então, vamos jantar a tua casa!
Crisálio:
(ainda
mais confuso)
Jantar
a minha casa?
Felisberto: Sim! Então tu
não vais organizar uma jantarada lá em tua casa?
Crisálio:
(ainda mais confuso)
Eu?
Felisberto: Sim tu! É logo à noite não é? É a que
horas?
Crisálio:
(chateado)
Não é logo à noite, coisíssima nenhuma! Não há jantarada
nenhuma! Mas estás maluco, ou perdeste o juízo? Mas a minha casa é
algum restaurante ou quê? Então isto agora é assim? Convidas os
teus colegas de trabalho, os teus vizinhos e a tua família toda para
virem jantar a minha casa?
Felisberto: Não foi a
minha família toda, ainda falta mais pessoal, mas se quiseres eu
posso convidar mais...
Crisálio: (grita)
NÃO VAIS CONVIDAR MAIS NINGUÉM!
Felisberto: Ai espera aí!
Esqueci-me de te dizer que também convidei os meus amigos do
facebook.
Crisálio: Tu... Tu... Tu
também convidastes os teus amigos do facebook para virem jantar em
minha casa?
Felisberto: Quer dizer,
não foram só os meus amigos do facebook. Pois o convite foi
publico. Foi para toda a gente que tem facebook, estás a topar?
Cerca de 100 pessoas já aderiram à jantarada! Quem é amigo, quem é
amigo? HÃ?
Crisálio: (grita)
100 PESSOAS?... EU NÃO ACREDITO QUE ME
FIZESTE UMA COISA DESTAS!
Felisberto:
Mas acredita que é verdade. Vai ser mesmo
uma grande jantarada!
Crisálio: (grita)
COMO FOSTE CAPAZ FELISBERTO?
Felisberto: Realmente é
verdade. Como fui capaz de me esquecer de te avisar que também
convidei a malta do facebook.
Crisálio: (grita)
ÉS MESMO UM IDIOTA!
Felisberto: (orgulhoso)
Pois sou! Pois tenho ideias maravilhosas!
Crisálio:
(grita)
MARAVILHOSAS COMO A TUA CARA!
Felisberto: (convencido)
O quê? Tenho a cara assim tão bonita?
Crisálio: (chateado)
Não! Tens a cara horrível! Como foste
capaz de meter isso no facebook, Felisberto? Não achas que
é a abusar da confiança de uma pessoa?
Felisberto: Por acaso até
acho, mas pelos vistos tu não achas! Tu é que disseste para eu
convidar mais pessoal para a jantarada.
Crisálio:
És mesmo um infeliz!
Felisberto:
(brincando)
Não! Por acaso até sou um rapaz feliz. Feliz...Berto! Eheheh Topas?
(palmada no Crisálio)
Crisálio: (não
acha piada) Felisberto,
eu não te convidei para nenhuma jantarada em minha casa e muito
menos para convidares mais alguém. Foi para vires arranjar o meu
computador. Percebeste?
Felisberto: Convidaste sim
senhor. Eu até tenho a mensagem aqui guardada no meu telemóvel,
queres ver? (procura o telemóvel nas calças.
Entretanto lembra-se que se esqueceu dele)
Ai pois é! Já me esquecia que o deixei em casa a carregar. Mas se
falaste da jantarada, falaste!
Crisálio:
(grita)
EU NÃO FALEI EM JANTARADA NENHUMA!
Felisberto: Falaste!
Falaste!
Crisálio:
(grita)
JÁ TE DISSE QUE NÃO FALEI!
Velhota da scooter Egiro:
(para o Crisálio)
O senhor importasse de parar de gritar? É
que está a incomodar a minha leitura.
Crisálio: (grita
ainda mais alto para a velhota da scooter Egiro) MAS
QUEM É QUE ESTÁ A GRITAR? AH? EU NÃO ESTOU A GRITAR!
Velhota da scooter Egiro:
(solilóquio)
Chiça! Parece que é maluco o rapaz!
(levanta-se, pega na sua scooter Egiro e sai
de cena chateada)
CENA
2
Crisálio:
(para o Felisberto) Vais
dizer a essa gente toda que convidaste que não há jantarada
nenhuma. Que foi engano teu ou que estavas na brincadeira. Ouviste?
Felisberto: Não posso! Já viste a quantidade de
pessoas que eu convidei? Se agora vou dizer que não há jantarada,
levo uma carga de porrada que nunca mais me seguro em pé. Ainda por
cima, há pessoal que não comeu o dia todo só para ganhar estômago
para a jantarada.
Crisálio: Não quero saber. Ninguém te mandou andar a
enganar essa gente.
Felisberto:
(começa
também a ficar chateado)
Eu não enganei ninguém, tu é que me enganaste a mim. Convidas-me
para uma jantarada em tua casa para eu convidar mais pessoal e afinal
não vai haver nada. Mas tudo bem, não queres fazer a jantarada não
faças. Mas podes querer que nunca mais acredito na tua palavra.
Crisálio: Tu é inventaste isto tudo. Queres é encher
a pança à custa dos outros, é o que é!
Felisberto:
(ofendido)
Essa agora ofendeu Crisálio.
Crisálio: Ai ofendi o menino? Temos pena!
Felisberto:
(ofendido)
Eu nunca enchi a pança à custa de ninguém!
Crisálio: Ah pois não! Ainda na semana passada fomos
ao “pito da Ermelinda”. Comeste a tua parte e a minha. Ainda
voltaste a repetir. Quando chegou a hora de pagar foste-te embora e
eu é que tive de pagar tudo.
Felisberto:
(ofendido)
Pagaste porque quiseste, desculpa lá. Porque eu não me tinha ido
embora.
Crisálio: Pois não. Só saíste porta fora do
restaurante.
Felisberto:
(chateado)
Eu só tinha ido ao meu carro buscar a carteira. Mas tudo bem, já
que me estás a chapar essa na cara. (tira
a carteira do bolso das calças, tira uma nota e atira-a para cima da
mesa do Crisálio) Toma
lá a porcaria do dinheiro. Não te quero ficar a dever nada. (vai
para sair de cena chateado. Volta para trás)
Sabes o que tu és? És um amigo da onça!
Crisálio: Podes querer. Onça!
(Felisberto sai de cena. Crisálio continua a ler o
seu livro)
CENA 3
Entram dois clientes e sentam-se em outra mesa da
esplanada. Entretanto aparece o Antunes, o empregado da pastelaria
Antunes:
(para
os clientes)
Ora viva pessoal. Então o que vai ser?
Cliente 1: Olá Antunes. Queríamos duas minis
fresquinhas e um pires com tremoços. Se faz favor.
Antunes: É para já! Vocês vão à grande jantarada
que vai haver na vila?
Cliente 1: Sim vamos. Nós vimos o convite no facebook?
Cliente 2: E éramos nós que íamos faltar, Antunes?
Comer e beber de borla é connosco?
Antunes: Eu também vou? Sabem a que horas é que é?
Crisálio:
(metendo-se
na conversa)
Não é!
Antunes:
(para
o Crisálio)
O quê?
Crisálio: Não vai haver jantarada nenhuma.
Antunes:
(indignado)
Não me diga uma coisa dessas.
Crisálio: Mas digo, porque é verdade. Não há
jantarada nenhuma! O rapaz que vos convidou no facebook mentiu-vos.
Antunes:
(indignado)
Então eu recusei um bilhete para ir ver o Benfica ao estádio da
luz, por causa desta jantarada e afinal é tudo mentira?
Crisálio: Pois mas o
rapaz é um aldrabão. Não se pode confiar naquilo que ele diz!
Antunes: Era enfiar esse patife dentro do forno de cozer
o pão!
Crisálio: Se quiser eu dou uma ajudinha!
Antunes: Ai se eu o apanho, ele vai ver como elas lhe
mordem. Vou-lhe partir a boca toda. Vou arrebenta-lo todo!
Cliente 1: É assim mesmo!
Cliente 2: Apoiado!
Crisálio: Também não é preciso partir para a
violência.
Antunes: Não preciso o quê? Aqui com o Antunes ninguém
brinca!
Cliente 1: Eu sei onde ele mora! Vamos a casa dele e
tratamos-lhe da saúde.
Cliente 2: Também alinho.
Antunes: Esperem até eu fechar a pastelaria. Depois
vamos todos até a casa desse patife e acertamos-lhe o passo.
Cliente 1: Pode ser!
Antunes: Vou ligar a uns amigos meus, também para
ajudar à festa. Nem sabe o que lhe espera! Já o estou a imaginar a
chamar pela mamã!
(Antunes,
Cliente 1 e Clientes 2 mandam uma grande gargalhada maléfica)
Cliente 2: Trás lá então as minis e os tremoços que
eu estou cheio de sede.
Antunes:
Ok! Trago para vocês e para mim. Fica por conta da casa. O meu
patrão não está cá, por isso é tudo por conta da casa. Patrão
fora, dia santo na loja... quer dizer na pastelaria. (ri)
Eheheheh! (para
o Crisálio)
Vai querer tomar mais alguma coisa? É tudo por conta da casa!
Crisálio:
Não!
Não! Obrigado. Eu já estou de saída, vou ter de ir trabalhar.
Quanto é o café?
Antunes: São 65 socos na cara do cliente!
Crisálio:
(assustado)
Como?
Antunes:
Ah pois é! Patrão fora, dia santo na pastelaria. (Crisálio
ainda mais assustado. Antunes olha para os cliente e manda uma
gargalhada)
Eheheh! Olhem para ele, até borrou a cueca com o medo. São 65
cêntimos amigo!
Crisálio:
(mais
aliviado)
Ah!
Antunes: Acha que eu lhe ia bater? Eu não bato em
ninguém assim sem mais nem menos. Só quando ando mal disposto!
Crisálio:
Ah! Está bem! (tira
o dinheiro da carteira)
Então ficam aqui os 65 cêntimos! (levanta-se)
Adeus!
Antunes:
Obrigadinho! Vai pela sombra!
(Crisálio sai de cena. Fecha o pano)
ATO 2
Casa do Crisálio
Sala
Vê-se um
sofá, uma mesa de sala, uma televisão e uns moveis.
CENA
1
Crisálio
está sentado no sofá a ver televisão. Veste um pijama, com um robe
por cima e calça umas pantufas
Entretanto
tocam à campainha, Crisálio levanta-se e vai abrir a porta.
Alice entra em
cena. Trás dois meninos pela mão.
Crisálio:
Alice?
Alice:
És um traidor! Como foste capaz?
Crisálio:
Eu traidor?
Alices: Sim! Por causa de ti o meu Felisberto foi parar
ao hospital.
Crisálio: E qual é admiração? Ele trabalha lá como
copeiro!
Alice: Mas ele não está a trabalhar...
Crisálio: Não me admira nada. Deve passar mais tempo
andar atrás das enfermeiras do que a tratar das refeições dos
doentes.
Alice:
O meu Felisberto não é desses, está bem? Ele não está a
trabalhar, porque levou uma grande sova do empregado da pastelaria “o
Pão queimado” e de mais uns tipos. Agora está muito mal! (chora)
Crisálio: Pois. Normalmente quando se leva uma grande
sova, não se costuma ficar lá muito bem.
Alice: Tu é que tiveste a culpa disto tudo! Eu sei
muito bem!
Crisálio: Ai agora a culpa é minha?
Alice: Sim tua! Porque foste dizer a esse brutamontes
que o Felisberto andou enganar toda a gente com a jantarada.
Crisálio: E andou.
Alice: Não andou nada. Tu é que és um aldrabão!
CENA
2
Entram os pais de Felisberto
Mãe
de Felisberto: (chorando)
Ai que o meu filho morreu! Ai que o meu querido filho morreu!
Alice: (aflita)
O Felisberto morreu? O meu Felisberto morreu? (chora)
Pai
de Felisberto: (consolando-as)
Temos que ter paciência! Eu tenho a certeza que ele agora está lá
cima a olhar por nós.
Mãe
de Felisberto: (chorosa)
Eu
sei, eu sei. O problema é que ele tem vertigens e ainda pode cair cá
para baixo.
Pai
do Felisberto: (aponta
para o Crisálio)
A culpa disto tudo foi deste animal. Foi dizer aos outros que não
havia jantarada e eles deram cabo do nosso filho!
Crisálio: Não foi nada, por causa de mim! Ele é que
teve a culpa. Ele é que andou a convidar toda a gente para jantar em
minha casa e era tudo mentira.
Pai do Felisberto: Cala-te seu artolas de meia tigela!
Nada que dizes é verdade. Eu vi a mensagem que enviaste para o
telemóvel. Sei muito bem que o convidaste para uma jantarada e para
ele trazer mais pessoas.
Crisálio: Isso é mentira, eu não convidei o
Felisberto para jantarada nenhuma em minha casa. Foi para arranjar o
meu computador.
Mãe de Felisberto: Eu sempre disse ao Felisberto que tu
és um falso. Mas ele nunca me quis dar ouvidos. Afinal eu tinha
razão! Agora por causa de ti está morto!
Crisálio:
(grita)
EU
NÂO SOU NENHUM FALSO! EU NÃO TIVE CULPA DO QUE ACONTECEU!
Alice:
(chorosa)
E
agora o que vai ser de mim? Viúva e com duas crianças para cuidar?
(filhos de Felisberto também choram)
Mãe do Felisberto: E de nós? Que perdemos o nosso rico
filho.
CENA
3
Entra um policia
Policia: Boa noite! Procuro o senhor Crisálio.
Pai
do Felisberto: É este canalha aqui! (aponta
para o Crisálio)
Policia:
(para
o pai do Felisberto)
O senhor Crisálio não tem boca?
Pai
do Felisberto: (ameaçando
o Crisálio)
Por enquanto tem.
Policia: Então cale-se! Senhor Crisálio, o senhor está
detido!
Crisálio: Mas porque é que eu estou detido? Eu não
fiz nada de errado!
Policia: O senhor é culpado pela morte do senhor
Felisberto.
Pai do Felisberto: Pois é! Por causa dele é que o meu
filho morreu!
Policia: O senhor é que é o pai da vitima?
Pai do Felisberto: Sou senhor Policia. Eu sou o pai do
Felisberto!
Policia: Então cale-se!
Crisálio:
(para
o policia)
Mas eu não tive culpa nenhuma do Felisberto ter morrido, senhor
Policia.
Policia:
(manda
uma gargalhada) Essa
está boa! O senhor matou o senhor Felisberto e está-me a dizer a
mim que não teve a culpa.
Crisálio: Mas eu não matei ninguém...
Policia:
Cale-se! Se eu eu digo que matou é porque matou, mesmo que não
tenha matado. Porque eu sou policia. E a policia é uma autoridade!
(grita)
E COM A AUTORIDADE NÃO SE BRINCA, PERCEBEU?
Crisálio: Mas eu não estou a brincar com ninguém.
Policia: Não está a brincar com ninguém mas está a
brincar comigo. Porque eu não sou o ninguém. O Ninguém é este
camarada aqui ao meu lado!
Crisálio:
(baralhado
não vendo ninguém)
Mas ninguém está aí!
Policia: Exatamente! Ninguém está aqui! Porque o
Ninguém é meu colega imaginário!
Crisálio: Ah! Ok! Sendo assim, eu não estava a brincar
consigo.
Policia: Ah! Então era com o ninguém! Você veja lá
com quem brinca! Olhe que o ninguém é um tipo sério. Ah!
Crisálio: Pronto! Eu não estava a brincar consigo nem
com o ninguém.
Policia: Ah! Assim já nos entendemos! Vá. Chega de
conversa. Faça favor de nos acompanhar até à esquadra que eu e o
ninguém temos mais que fazer. Ainda temos que investigar o
assassinato de uma formiga que encontramos morta à porta da
esquadra. Ainda por cima é das rabigas, se a gente não descobre o
assassino os familiares revoltam-se contra nós, depois estamos
tramados.
Pai do Felisberto: Mas é crime matar uma formiga?
Policia: Claro! Também não é crime matar cães?
Porque é que não há-de ser crime matar formigas? Também não são
animais? Também não habitam na terra? O que os cães são a mais
que as formigas?
Pai do Felisberto: Nada! Nada!
Policia:
Então cale-se! (para
o Crisálio)
Vamos embora senhor Crisálio, antes que eu e o ninguém tenhamos que
usar as nossas forças.
Crisálio: Eu não vou a lado nenhum. Eu estou inocente!
O senhor não me pode levar assim de qualquer maneira.
Policia:
Pois não. Vai algemado. (prepara
as algemas para prender Crisálio)
Crisálio: Não vou nada! Não fui eu que matei o
Felisberto. Foi o Antunes, o empregado da pastelaria “o pão
queimado”, mais uns tipos. Eles é que deviam ir presos, pois eles
é que lhe bateram.
Mãe de Felisberto: E porquê? Porque tu lhe foste dizer
que o Felisberto mentiu a respeito da jantarada, meu grande sacana.
Logo foste tu o responsável pela morte do nosso filho.
Pai de Felisberto: Logo deves ir preso!
Policia:
(para
o pai do Felisberto)
Acha mesmo que ele deve ir preso?
Pai de Felisberto: Eu não acho. Tenho a certeza!
Policia:
Então... (agarra
no Crisálio)
vamos embora! (tenta
algemar o Crisálio à força mas este oferece resistência) Esteja
quieto homem! Oh Ninguém, dê aqui uma ajuda homem. Não esteja aí
especado a olhar para mim!
Crisálio:
(grita)
ISTO NÃO É JUSTO. EU NÃO MEREÇO IR PRESO! EU NÃO TIVE A CULPA DO
QUE ACONTECEU. O ANTUNES E OS OUTROS É QUE DEVIAM IR PRESOS! EU
ESTOU INOCENTE! EU ESTOU INOCENTE!
(Escuro total de luzes. Saem todos de cena menos
Crisálio que continua aos gritos. Passa uma música algo cómica)
CENA
4
As cenas 1, 2 e 3
do ato 2 era um sonho de Crisálio.
Ligam-se as luzes e a música pára.
O cenário é o mesmo. Crisálio está sozinho em
cena. Está deitado no sofá a dormir. Entretanto aparece Felisberto
alegre e bem disposto como sempre. Não repara que Crisálio estava a
dormir
Felisberto: Crisálio! Amigo! Desculpa ter entrado sem
tocar à campainha, mas como tinhas a chave no lado de fora da porta,
resolvi abrir e entrar.
Crisálio:
(acorda
inconsciente. Assustado)
Eu estou inocente! Eu estou inocente! Eu não mereço ir preso!
Felisberto: Calma rapaz! Ninguém te vai levar preso!
Crisálio:
(assustado)
O quê? O Ninguém vai me levar preso?
Felisberto: O que é que estás para a ir a dizer? Mas
quem é o Ninguém?
Crisálio:
(caindo
na realidade) Oh!
Não é ninguém.
Felisberto: Mau, mas é ninguém ou não é ninguém.
Crisálio: É um policia imaginário.
Felisberto: Um policia imaginário?
Crisálio: Esquece! Foi um pesadelo que eu tive.
Felisberto: Oxalá todos os policias fossem imaginários.
Assim paravam de andar sempre em cima de mim.
Crisálio: Mas o que é que estás aqui a fazer?
Felisberto:
Vinha te pedir se podia usar a tua casa de banho para tomar um duche.
É que cortaram-me a água lá em casa e... (ri)
Ehehe Não é nada disso. Vinha te pedir desculpas por causa daquela
cena da jantarada. Acho que exagerei um bocado.
Crisálio: Exageraste e de que maneira. Até já há
quem queira ajustar contas contigo!
Felisberto: O quê? Quem é que quer ajustar contas
comigo?
Crisálio: O Antunes da pastelaria “o pão queimado”
e mais 2 clientes.
Felisberto: Outra vez? Então mas eu já lhe paguei o
que devia na pastelaria o que ele quer mais?
Crisálio: Pois, mas não é sobre isso. Enganaste-os
com a história da jantarada. Eles viram o convite no facebook e
também aderiram. Quando eu lhes disse que não havia jantarada
nenhuma, ficaram fulos. Se eles te apanham estás feito ao bife e vão
arranjar reforços!
Felisberto: Ui que medo!
Crisálio: Ai não tens medo?
Felisberto:
Eu não! Porque eu não
convidei ninguém para vir jantar em tua casa. Foi
uma mentira que te preguei.
Crisálio:
(furioso)
Sua grande besta!
Felisberto:
Então hoje é dia 1 de Abril, dia das mentiras. (ri)
Crisálio: Não Felisberto! Hoje não é dia 1 de Abril,
é dia 1 de Maio, dia do trabalhador.
Felisberto: A sério? Pensei que fosse 1 de Abril!
Crisálio: Pois, mas pensaste mal! E agora por causa da
tua santa estupidez alguém se vai lixar com esta brincadeira. Pois
alguém os convidou para uma jantarada mesmo a sério.
(Alguém toca à campainha muito aflito e Crisálio
vai abrir)
CENA
5
Entra Antunes com ar ameaçador, mais os 2 Clientes
da pastelaria e 5 amigos de Antunes
Antunes: Com que então não havia jantarada!
Cliente 1: Afinal sempre havia!
Cliente 2: Quem é o aldrabão afinal?
Crisálio:
(assustado)
Tenham calma! Tenham calma! Isto foi tudo um mal entendido. Eu posso
explicar...
Antunes: Eu não quero explicações nenhumas. Comigo
ninguém brinca! Além disso eu ia todo entusiasmado para espetar
umas valentes morteiradas na cara do moço que me convidou para a
jantarada e não pude lhe bater porque afinal ele não me mentiu!
Sempre havia jantarada!
Crisálio: Então se havia jantarada, melhor!
Antunes: Melhor não! Porque houve alguém que me mentiu
e eu detesto que me mintam. Por isso, esse alguém vai ter de pagar
por aquilo que me fez! Percebeu?
Clientes e amigos de Antunes: Vamo-nos a ele!
Crisálio:
(começa
a fugir com medo)
Não! Por favor não me façam mal! (Antunes,
Cliente 1, Cliente 2, amigos de Antunes e Felisberto desatam todos a
rir na sala) Mas
de que é que se estão a rir?
Antunes:
Olhem para ele cheio de medinho! (ri)
Crisálio: Mas o que é que se está aqui a passar
afinal?
Antunes: Ninguém te vai bater rapaz! Porque ninguém
nos convidou para nenhuma jantarada. Foi tudo um plano para te
assustar!
Crisálio: Mas vocês querem me matar do coração ou
quê?
Felisberto: Pregamos-te uma valente partida Crisálio!
Crisálio: Pois pregaram. Desta nunca me vou esquecer!
Antunes: Bem, esta brincadeira deixou-me cá com uma
larica. E se fossemos jantar todos ao pito da Ermelinda? Hã?
Felisberto: Boa ideia!
Antunes: E desta vez vai ser mesmo uma grande jantarada!
Crisálio: Pois! Chega de mentiras por hoje!
(saem todos. Fecha o pano)
FIM
26/6/2016
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